quinta-feira, novembro 24, 2005

Licenças OEM da Microsoft. Justiça?

Compreendo a necessidade que a Microsoft tem de tentar proteger a sua propriedade intelectual. No website da Microsoft Portugal existe até uma secção onde é explicado, aos utilizadores, o que é a pirataria (não a dos gajos maus que atacam barcos), como é que a pirataria afecta os comuns utilizadores e porque motivos, activando um produto Microsoft, o utilizador fica protegido (contra quê, é o que falta saber).

Eu pessoalmente sou contra a utilização indevida de software proprietário para trabalho. Quem utiliza software deste tipo e ganha dinheiro com isso, é mais que justo que tenha o software devidamente licenciado. Não quer pagar pelo software? Então utilize software livre! Tem óptimas alternativas, não fica preso a nenhum fornecedor proprietário, não gasta tanto ou não gasta nada e tem todo o software legal.

Contudo, também acho que a Microsoft está a ir longe demais. Esta não parece reconhecer a existência de outros sistemas operativos. Devido ao seu monopólio e concorrência desleal conseguiu forçar todos os vendedores e fabricantes de computadores a vender juntamente com um novo computador uma licença OEM do seu sistema operativo. (Mas esta situação está lentamente a mudar, como se pode ler no meu post anterior.)

No site da Microsoft Portugal está mesmo declarado que: "Quando compra um novo PC, deve vir incluido software do Sistema Operativo da Microsoft, tal como o Microsoft Windows". Como??? E se eu não quiser o windows porque apenas trabalho com outro sistema operativo? Vou ser obrigado a pagar por uma coisa que não quero e que não utilizo? Não me parece justo!



Mas as licenças OEM da Microsoft são injustas mesmo para os seus utilizadores cumpridores. As grandes empresas e as instituições públicas (ministérios, escolas, universidades, etc) normalmente fazem contratos de licenciamento para o seu universo de utilizadores. Estas contratos podem abranger centenas ou milhares de utilizadores num único contrato. E a questão que estou a levantar é a seguinte: Se todos estes utilizadores já estão devidamente licenciados, nas novas máquinas que sejam compradas também são pagas as licenças OEM? Se sim, a Microsoft está a vender duas vezes o mesmo artigo o que não me parece honesto (ou legal!). Analisando por outro prisma, as empresas Portuguesas estão a pagar duas vezes pelo mesmo artigo e as instituições públicas estão a gastar o dobro do dinheiro público que deveriam no mesmo artigo. Não é preciso. O Bill Gates já tem muito dinheiro.

Não haverá neste país nenhuma entidade competente que repare nesta situação? DECO? Algum ministério?

Fica a ideia...

Portátil Linux (e sem licença OEM da M$)

Este Natal decidi comprar um novo portátil para substituir o meu ASUS actual, que já soma quatro anos de idade. Como apenas utilizo o sistema operativo Linux, tive em consideração dois aspectos que considero importantes:

1. A compatibilidade do hardware com o sistema operativo Linux. Comprar a última tecnologia disponível de algumas marcas pode dar maus resultados. Algumas marcas (Sony, Dell, Asus, ...) simplesmente não se preocupam com mais nada que não seja o Windows. O meu ASUS actual teve de esperar um ano para ter o suporte gráfico totalmente suportado.

2. A isenção do preço da licença OEM da Microsoft. Por uma questão de princípio. Se não utilizo este sistema não é justo que pague uma licença por ele.

Foi complicado! Encontrar uma empresa que vendesse portáteis sem sistema operativo (subtraindo, claro, o preço respectivo da licença OEM ao preço da máquina) foi muito complicado. Nas lojas disponíveis nos grandes centros comerciais, os funcionários que abordei nem sabiam o que era o Linux. Mais improvável ainda era venderem-me uma máquina nas condições que eu queria. Desisti. Comecei a procurar modelos em sites internacionais que vendem portáteis com o Linux pré-instalado. Através dos sites tuxmobil.org e linux.org descobri alguns interessantes. Os meus preferidos são:

www.emperorlinux.com
www.linuxcertified.com

Foi bom verificar que nestas empresas já impera o bom senso. O cliente apenas paga a licença OEM da Microsoft se quiser o portátil instalado em dual-boot (Linux+Windows). Estava mesmo a decidir-me por um destes modelos até que descobri, cá em Portugal, uma loja que começou a vender portáteis e computadores com o sistema operativo opcional. É verdade!!! Tive de me beliscar para ter a certeza que era verdade. Esta empresa é a PowerOn e está a vender uns portáteis muito engraçados da Tsunami que são montados inteiramente em Portugal, mais especificamente em Matosinhos, pela empresa J.P. Sá Couto. O catálogo com as diversas opções pode ser obtido aqui.

A PowerOn permitiu inclusive que eu testasse o hardware com duas versões live de Linux. Posso portanto confirmar que com o DVD do Knoppix 4.0 e com o CD do Ubuntu 5.10 o hardware do Tsunami Traveller F12D é todo reconhecido. Não tive oportunidade de fazer testes exaustivos mas não encontrei defeitos nos testes que efectuei.

Obrigado PowerOn.

segunda-feira, novembro 21, 2005

Cinema AMC - Programas

Quem é que escreve as descrições dos filmes que aparecem nos programas dos cinemas AMC? Se isto fosse uma empresa pública, diria que era uma acessora do ministro com o mesmo sobrenome deste, mas não. Os cinemas AMC são, que eu saiba, uma empresa privada. Então, porque motivo é que eles toleram um funcionário que quando comenta os filmes, na maior parte das vezes, não parece saber o que está a escrever? Tenho mesmo a certeza que em alguns casos nem sequer conhece o filme em questão. Dou como exemplo o Senhor dos Anéis em que a descrição até fazia rir. Mas porque estou a falar disto agora? Este fim de semana fui a este cinema e ao ler no programa a descrição do, ainda por estrear, Harry Potter fiquei a saber, inadvertidamente, uma parte do final. :( Sim, é verdade! Eu não sei a história porque não li os livros, mas ando a acompanhar a aventura destes heróis através dos filmes. Graças à pessoa que escreve estes resumos, fiquei com este estragado. Muito obrigado...

Tenha atenção!!! Se como eu não leu os livros e não quer estragar o final do próximo filme, não leia o programa dos cinemas AMC.

terça-feira, novembro 15, 2005

CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA

Não fui eu que escrevi mas... diabos me levem se não andava com vontade de escrever um texto destes. Fantástico!!! Concordo a 99%. Só não concordo a 100% porque sou dos poucos otários que contra tudo e contra todos tenta viver a vida da forma mais correcta possível.

"Eduardo Prado Coelho - in Público

A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates. O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria prima de um país. Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.

Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos ... e para
eles mesmos. Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos. Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito. Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos. Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros. Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é "muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, histórica nem económica. Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns.

Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser "compradas", sem se fazer qualquer exame. Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão. Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes. Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado. Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta.

Como "matéria prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa. Esses defeitos, essa "CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA" congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte... Fico triste. Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, e nem serve Sócrates, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa? Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente abusados! É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda... Não esperemos acender uma vela a todos os santos,
a ver se nos mandam um messias.

Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar. Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos: desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.

E você, o que pensa?.... MEDITE!

EDUARDO PRADO COELHO"