quinta-feira, junho 01, 2006

SMS e e-mails podem vir a ser taxados

Referência: http://www.agenciafinanceira.iol.pt/noticia.php?id=689388&div_id=1730

"O Parlamento Europeu está a estudar uma proposta que passa pela aplicação de uma taxa sobre o correio electrónico e as mensagens de texto dos telemóveis (SMS)."


E como é que o poder político se propõe, na prática, a implementar tal medida? Se calhar passa por tornar ilegal todos os clientes de email e servidores que não pertençam a determinada companhia (com o módulo de taxação devidamente auditado). Parece ridículo, mas para lá caminhamos, e este tipo de medidas são tudo menos originais. Note-se que não podemos circular na via pública com qualquer carro, se não a policia apreende o veículo. Temos de pagar os impostos respectivos, temos que o levar às inspecções periódicas e tem de estar tudo conforme o livrete.

Alguma coisa nos diz que daqui a 10-15 anos vai acontecer exactamente o mesmo com o software que vamos poder utilizar nos nossos PC's para navegar na Internet (as ditas auto-estradas da informação para tornar a analogia ainda mais pertinente ;-)). Por essa altura a empresa do grande-irmão vai lá estar para nos acolher alegremente no seu seio de crentes 8-(.

Utilizar Linux ou outro sistema livre!?!? Isso vai ser equivalente a ser apanhado com droga no bolso. Vamos de cana ou somos reeducados prestando serviço cívico num "datacenter" do grande-irmão.

Enfim, alguns aspectos das consequências a longo prazo do choque tecnológico feito pelo nosso amigo Sócrates e restantes amigos da comissão europeia.

Além disso, de tempos a tempos, o poder político lembra-se de soluções políticas brilhantes para problemas técnicos e neste campo os Europeus não estão na linha da frente. Lembro-me assim de repente da lei 'do-not-spam-list' proposta por um estado americano. Como se os "spammers" fossem verificar se alguém não quer receber "spam". Crentes!!! O poder político devia, sabiamente, pedir pareceres técnicos antes de cair no ridículo com propostas destas.

O principal da questão, no entanto, é o facto de quererem aumentar os impostos. Por mim tudo bem. Mas é capaz de ser mais simples fazer um cálculo médio do tráfego e cobrar, através dos operadores, uma taxa aos utilizadores. Mas esperem!? Isso não prejudica as directivas europeias que visam aumentar o número de europeus ligados à Internet. Isso não irá aumentar a info-exclusão? Enfim! Brinca-se à politica com matérias que se desconhece.


Eduardo Correia
Rui Gouveia

2 comentários:

Anónimo disse...

Cá entre nós, não tenho a menor dúvida que os impostos vão aumentar, e que pelo menos a taxa sobre os SMS vai passar incólume.

Quanto à taxa sobre os e-mails é que vai haver confusão. O que, como é óbvio, vai fazer com que alguns senhores ponham mais alguns tostões ao bolso.

Sim, porque vai ser necessário dar o parecer técnico. E para isso é necessário criar comissões. Com poucos técnicos e muitos políticos. Enfim. O costume.

Mas vamos cá ver... como é que estas figurinhas se propõem taxar um serviço como o email? através dos outlooks, firefoxes, evolutions e afins? Isso é obviamente impraticável! A maneira mais simples de o fazer é taxar o tipo de serviço (TOS), o que permitiria taxar todo o tráfego que circulasse no porto 25 (SMTP). Ora bom, tudo isso é muito porreiro e tal, mas resta saber quem paga o quê... se quem manda, se quem recebe o mail! É que vocês não sei, mas a mim irritava-me enormemente ser taxado pelo SPAM que recebo!

Sem falar que os países emergentes têm aqui uma oportunidade de ouro em fazer negócio! Estou mesmo a ver os serviços de Webmail a nascerem como cogumelos nesses países, para que os europeus possam fintar a taxa! :)

E a malta ainda se queixa do vestuário chinês...

No meio disto tudo apenas dá para vislumbrar uma coisa: os nossos representantes não representam os interesses dos cidadãos. Mais uma vez, é a constatação de um facto mais que provado.

E o problema real, é que não há mecanismos legais que nos permitam em tempo útil correr com a cambada de fulanos incompetentes que estão à mama da teta popular!

Aliás, isso nota-se na elevada taxa de absentismo aquando das eleições: parte do povo compreendeu que não vale a pena votar nem nuns, nem noutros, pois sentem que nenhuns representam os seus interesses.

A maneira de dar a volta a isto seria por modificar a interpretação dos votos em branco para que fossem contabilizados como forma de não preencher lugares. Ou seja, se houvesse número de votos em branco suficientes, isso significava na prática que os cargos políticos correspondentes a esse número de votos, não iriam ser atribuídos.

Esta proposta já existe há anos em Portugal. Curiosamente é sempre chumbada, ou atrasada, ou...

É óbvio que para os políticos, não interessa que haja uma forma de lhes limitar os tachos!

Ou será que há? :)

O que a comunidade portuguesa e europeia devia fazer era abordar a filosofia do Gnu Public License (GPL) num partido político que fosse criado exclusivamente para fazer o efeito dos "votos em branco".

Imagine-se um partido político, o "Partido do Voto em Branco" que não faz promessas, tem sim um contrato legal com os constituintes (estilo GPL) em que:

1) se compromete a não atribuir os cargos políticos que lhe forem atribuídos a ninguém

2) toda a verba que lhe for atribuída por ser partido político irá reverter para obras de solidariedade social
(ou coisa que o valha!)

Ou seja, na altura das votações, o povo tinha também um campo do "Partido do Voto em Branco" para escolher!

Tendo esta opção, eu queria ver quantos dos que vão sempre para a praia na altura das votações, não passariam a pôr a cruzinha!

E se com uma medida destas, tendo o povo a possibilidade de põr um freio nos asnos, a classe política não se coibiria de fazer tantas asneiras...

Zé Maria disse...

Boa noite.
Concordo com ambos, acho que é outra maneira de os políticos tentarem "chular" o povo, realmente quero mesmo ver como vai ser o mundo daqui a 20-50 anos, pois sinto que poderemos vir a perder muita da liberdade...enfim.

Concordo plenamente Rodolfo Matos, era de maneira que a politica passava a ser uma coisa mais séria aqui em Portugal, mas temo que isso não aconteça tão cedo.